domingo, 25 de outubro de 2015

OLHOS

Numa tentativa de analisar, de descobrir e de pensar. Se eu parto do pressuposto de que a realidade é aquela que os olhos veem, que a cada vez que eu troco/mudo os olhos do observador, essa realidade, que os olhos físicos veem, pode ser alterada e, portanto, posso ter uma conclusão distinta de outros olhos.

O que me faz pensar que o quê os meus olhos veem é senhor de mim mesma? Se a cada olho, que coloco para observar, observará de uma forma diferente e chegará a outra conclusão(raciocínio lógico)? Por fim, o que me faz pensar que aquilo que meus olhos veem correspondem a realidade, se eu preciso que o outro me diga, com os olhos dele, que a minha realidade coincida com a dele ou não coincida?

E quando a minha realidade vivida e observada não coincide com a realidade do outro, isso gera conflito: consequência prática e causal: as pessoas se desgostam. E como se resolve conflito? Diz -se, por algum olho, vivido, que conflitos resolvem-se com harmonia.

Refiro-me e uso a expressão "olhos físicos" ou "olhos" para a ideia de experiência vivida, vivenciada, lida e observada abundante na cultura inserida pelo ser humano (seria paradigma, quando coletivo?). Reza a lenda de que quanto maior a minha fonte de conhecimento maior são os meus olhos e que os olhos são insaciáveis.

O que me faz crer na palavra "justiça", "amor", "porta", "religião", "pessoa", "árvore", "dignidade" senão valores que me são incutidos pela sociedade cultural-econômica-política-social que vivencio?

O que me faz entender que há ou não "inversão de valores" se não consigo sequer tangenciar objetivamente o termo "valor"? Por que eu preciso me expressar para me comunicar, como o faço neste momento? Por que eu preciso ora falar ora calar? Por que há normas culturais que dizem: isso é feio, isso é bonito? Se os olhos são indefinidos e incertos diante do Senhor. Tempo? Já sugeriu Fernando Pessoa: "Sê plural como o universo", como em seu poema "Vivem em nós inúmeros"?

A resposta mais simples que encontrei é a necessidade do homem, ao longo da história, viver em sociedade/comunidade/coletivo e para tanto criam-se olhos definidos, enquadrados.

Então, um grupo de pensadores, pensam e observam o objeto de análise: a) o outro em si; b) o outro dentro do grupo; c) o grupo como entidade. Depois que pensam, ditam sobre o objeto de análise. Você é doente. Você é normal. Você é psicótico. Você é saudável. Você é uma megera. Você é mau. Você se veste bem. Você está certo. Você está errado. Você é abortista. Você é de direita. Você é de esquerda. Você é um santo. Você é um suicida. Você é conservador. Você é liberal. Você é profundo. Você é superficial.

Entramos no mundo, dos paradigmas estabelecidos, sem pedir licença (visão atéia), consciente ou inconscientemente, pelos nossos "olhos" interiores e "olhos" exteriores.

Para quê precisamos de platéia? Se todos nós somos artistas nesse mundo? E qual a necessidade de viver? Para quê viver? Para quê pensar? Qual o fim último de nossas vidas? Seria a utópica felicidade? Ser feliz, dirão muitos ( corrente do filósofo grego, Epicuro, IV A.C: homem busca o prazer e não a dor). Penso, numa visão otimista, que cada olho que olha o outro ou a si mesmo busca no fundo ser feliz, que seria um estado de bem-estar pessoal. E buscando a felicidade cada um cria um paradigma íntimo de desejo de ser melhor e de melhorar o mundo com suas ideias. 

"Os meus olhos são bons" diz um

"Os meus olhos são bons tb" diz outro

"Os meus olhos são melhores que a de vocês dois" diz o terceiro

Quem quer os olhos? De quem são os olhos? O que são os juízos de valor, se deles advém das nossas sensações ( filósofo grego, Protágoras, séc. IV A. C., dizia: "o homem é a medida de todas as coisas")? Como conviver com a "vida" , que as sensações produzem dentro de cada um, e a "morte" dos nossos juízos de valores, que abraçamos consciente e inconscientemente, durante a vida vivida? Por que essa necessidade comparativa da observação?

Será que enquanto alguém deseja poder, sexo e dinheiro ela tem finalidade de existir? Mas e depois da ausência desses desejos felizes,  o que a satisfará e lhe trará felicidade? Qual é o seu novo papel pessoal e social no meio onde vive? Qual é o seu novo desafio? Sua nova utilidade?

Será feliz aquele que sabe o que deseja e luta por ele? Por que tem um norte, mais delimitado? E o que pressupõe os nossos nortes: nossos olhos ou os olhos dos outros?

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