Na criação
Há canção
Há estética
É poética
Palavras sem livros
Loucuras sem delírios
Vida sem frescor
Arte sem amor
Inteligência sem sabedoria
Glória sem poesia
É a vida que nos chama
Para acender a chama
A todo aquele que se ama
(21.08.2015)
"Fiz um pacto silencioso com o Passado, eu não falo dele nem ele fala de mim."
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
CORTINA
Por trás da cortina,
Que transcende a retina,
Da vista da rotina:
Uma razão continha.
Lúcida era a visão,
Diferenciada era a razão,
Vivenciada era a emoção,
Encantada era a paixão.
Simples verdades
Entre verdes verdades
De jeitos diferentes
Com tons reluzentes:
Entre o azul e o anil.
(21.08.2015)
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
SEJA LUZ
Seja luz, por favor,
De aflição no coração
Já há uma multidão.
Leve luz, por favor,
De angústia e medo
Já há muitos desesperados.
Leve luz, por favor,
Seja verdadeiro e leve.
E que o vento nos carregue.
O mundo já está farto de miséria e mentira.
Por mais plumas de alegria e amor,
Por favor e por fervor ao que acredita.
(05/08/2015)
PROPAGAR NO AR
Propague a mentira envernizada. E ela voltará encolerizada.
Propague o medo. E ele voltará atordoado.
Propague o coração nobre. E ele o encobre.
Propague o bem. E ele o dirá amém (amem-se).
PEDIDO I
Que a dualidade se expanda para a unicidade.
Que o bem e o mal se agreguem para o amor.
Que os nossos inimigos íntimos se reconciliem dentro de nós.
Que o interno possa refletir no nosso exterior de forma transparente.
Que a ilusão não nos tome o coração
Para além do Amém.
(17.08.2015)
Que o bem e o mal se agreguem para o amor.
Que os nossos inimigos íntimos se reconciliem dentro de nós.
Que o interno possa refletir no nosso exterior de forma transparente.
Que a ilusão não nos tome o coração
Para além do Amém.
(17.08.2015)
DIAS TRANQUILOS
Dias tranquilos
Em todas as estações
Em ambos corações
Perfeito em tudo aquilo
Dias de sol
Nem frio, nem calor
Nem me causam dor
Nem me causam ardor
Da sombra de framboesa
Já não há temperatura gostosa
Desde a saudade daquilo que se sente
E que não sai da mente
Essa falta que queima n´alma
E aquece o que se ama
Mesmo que tudo desande
Um dia hei de me...
Fernando Pessoa - Não sei quem sou, que alma tenho
Não sei quem sou, que alma tenho.
Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).
Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me aponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore [?] e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.
1915?
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
- 93.
retirado do site http://arquivopessoa.net/textos/4194
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