quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Flor

Ofereço-lhe meu humor
por uma flor
desde que nasça sem dor
e cheire o seu odor

E, continuo eu
um viajor
em busca do (meu) amor

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Perder-se


Na imensidão da vida,
perco-me.

No cântico dos pássaros,
perco-me.

Na escuridão do céu estrelar,
perco-me.

No barulho das ondas do mar,
perco-me.

Na suavidade de tua voz,
Desfaço-me.
Nada é tão belo quanto o teu timbre.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sem rumo


Vento, o que fazes aqui?
Perdido no mar, levaram-te?
Caiu sobre a nau,
Levantou-se mau?

Onde esteve todo esse tempo?

Subiu a rampa ao norte:
Da tempestade ouviu falar,
Dos furacões viu o olhar,
Do medo se fez presente.


Curvou ao sudeste sem rumo
Choveu dia e noite no frio.
O calor do sol não percebeu
A calmaria da estação não sentiu.


Vento, o que te trazes aqui?
Se não percebes a beleza da vida?
Por que ainda sopra?
Se não percebes a sutileza do fluir.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Momento Rubem Alves

Os limites da palavra
Muito tarde aprendi os limites da palavra. Alguns pensam que os seus argumentos, por sua clareza e lógica, são capazes de convencer. Levou tempo para que eu compreendesse que o que convence não é a “letra” do que falamos é a “música” que se ouve nos interstícios de nossa fala. A razão só entende a letra. Mas a alma só ouve a música. O segredo da comunicação é a poesia. Porque poesia é precisamente isso: o uso das palavras para produzir música. Pianista usa piano, violeiro usa viola, flautista usa flauta – o poeta usa a palavra.
(texto extraído do livro “Ostra feliz não faz pérola” – Rubem Alves)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Fonte da vida: sabedoria

Água abundante e serena
Mate-me a sede destoante
Apaga-me o fogo que me ronda
Num só instante.

Água, fonte da vida
flui sem ser inconstante
renova-me, por um instante.
Aproxima-me de teu saber
sem eu saber.

Água, desvia-me dos obstáculos
sem me criar tentáculos.
Sacia-me por onde nadas
Impulsiona-me aonde andas.

Água, ensina-me a deslizar puro
sem me deixar em apuros.
Valha-me Deus
em meus inúmeros eus.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Virá a ira e irão

Virão e se vão,
Rirão
Dos que nada viram,
 zombarão?

Dos que riram,
Haverá ira,
Assim irão
Sem coração.

Melhor irem
Com coração.
Mesmo se rirem
Sem perdão.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sonho meu

Anoitece
Adormece
Sono leve
Leve-me contigo.

Mesmo que seja de leve
Transformo-me em pluma
Sem me ser uma bruma
Torno-me em uma semibreve

Adormeço seu sentido
Sussurro ao pé do ouvido
Enfeitiço seu sorriso
Para ser seu sonho vivido.